segunda-feira, 10 de outubro de 2011

MINHA ALMA

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

DOR

Há uma dor doída, fina, fria, ferida bem no meio do meu peito.

É uma dor contínua, amarga, sofrida que controla e assola minha vida.

Já chorei, me queixei, xinguei, briguei, amarguei, insoniei.

E ela ali, latente, potente, ardente, persistente.

Não é uma dorzinha qualquer, daquelas que todos nós, queiramos ou não, temos um dia.

Esta é onipotente, indulgente, inteligente.

Dor experiente.

Sabe que não há vencerei somente com minha vontade ou intenção.

Só há um remédio que no momento não tenho:

O perdão!
Susana,
Em 14/05/2011

1h 43min

LÁGRIMAS



Sinto-me tão só, tão diferente há tanto tempo que minhas lágrimas parecem não mais fazer sentido quando as justifico por este motivo!

Mas é verdade... Estou só... num mundo de estranhos vorazes, maus, fingidos, gananciosos, cruéis, muito cruéis... Eu nunca fui cruel.... posso nunca ter sido perfeita, nem um poço de virtudes... mas cruel ninguém pode me acusar... Convivi minha vida inteira com pessoas cruéis... me judiaram demais... quebraram meu espírito, me açoitaram, me chicotearam, me difamaram, me odiaram, me maldisseram, e eu, por amor e/ou por medo de voltar e viver com eles de novo, só o que fiz foi tentar os entender, E juro, eu entendi, compreendi, aceitei e vivi... A única pessoa que até hoje não entendi fui eu.... Não entendo minhas lágrimas.... Se sei a verdade não devia sofrer! Sofro por mim por saber? Ou sofro porque no fundo não consegui mudá-los? Devia mudar eu? Como mudar se sou imutável? Como queria não me importar... Como queria apenas aceitar e me irresignar... Não sou o que qualquer doutrina apregoa como certa. Sou uma mistura de todas e nenhuma ao mesmo tempo. Talvez eu nem sequer tenha existido, mas sei que vivi, não uma vida plena de sentidos, mas um sentido pleno de inquietações. Talvez, ao final eu não faça sentido algum, mas existi... e se não existi minhas lágrimas existiram... Isso eu tenho certeza... eu chorei... muitas vezes... e principalmente por existir!


Susana

14/04/2010

SOLIDÃO


Sinto-me só.

Não é uma solidão de ausências e sim uma solidão de semelhanças.

Ocupo-me em não demonstrar este vazio e convenço a platéia de que o espetáculo tem um final feliz.

Recebo alguns sorrisos e aplausos, outras vezes muitas vaias. Porém, gostando ou não a platéia sempre se faz presente.

Mas, no fechamento das cortinas, mesmo com todos ainda lá, vem esta imensa vontade de encontrar os meus, que foram dispersados por aí e que talvez nem sintam minha falta.

Se estiver realmente só, nem minhas lembranças existirão, só serei lembrada por aquilo que nunca fui.

Susana Urbano
21/05/09

"VAZIO"


Não sei o título que posso dar ao que estou escrevendo...
Acho que vai ser  “Vazio...”
Por que Vazio?

Porque no final de tudo há um grande vazio... um grande nada que não tem sentido algum.

Vivemos sempre tentando dar sentido à existência, estudamos, trabalhamos, construímos e destruímos famílias, recomeçamos, sonhamos, sofremos, rimos, choramos, comemos, corremos, cuidamos da beleza, da saúde, descuidamos de nós, da saúde, sentimos culpa, pedimos perdão, pecamos com intenção e sem intenção, acreditamos nos outros, duvidamos, fofocamos, ajudamos, aconselhamos, criticamos, fingimos ser bons, somos bons, não queremos parecer maus, fazemos maldades, ajoelhamos, nos humilhamos e humilhamos, amamos a Deus, dançamos com o Diabo, nos sentimos injustiçados, injustiçamos, julgamos, absolvemos e condenamos, somos julgados, absolvidos e condenados. Cansamos, descansamos, sentimos falta do cansaço, gostamos do descanso. Partimos, chegamos, retornamos, ficamos. Nascemos, crescemos, vivemos fazendo tudo o que achamos que tínhamos que fazer, ou que simplesmente fizemos por não saber o que queríamos fazer ou o que devíamos ter feito.

E ao final resta apenas o Vazio ...

O vazio de saber que tudo o que fizemos foi simplesmente a menor partícula do nada de uma existência não compreendida!

Susana

11/07/09